The pleasure by the work improve the results.
Aristóteles
Começo o post de hoje com uma declaração: durante 20 anos fui fumante. Fumar sempre foi um hábito poderoso para mim. Eu realmente adorava fumar.
Em 2008 experimentei, pela primeira vez em minha vida, uma ferramenta de coaching. Por meio do autocoaching, me submeti a um processo de mudança de hábito. Decidi parar de fumar.
O processo começou quando nasceu minha primeira filha, Camille. Decidi que eu queria viver muito para compartilhar seus sorrisos, para assistir ao despertar de seus sonhos, para acompanhá-la por suas descobertas, apoiá-la em suas dúvidas e perdas, descobri uma razão superior a tudo que conhecera antes.
No ano seguinte, nasceu minha segunda filha, Giulia. Ela foi mais uma bênção. Quando ela me olhava parecia ler minha alma. Seus carinhos tocavam meu coração. Eu percebi que não tinha o direito de privá-las de minha companhia.
Em 2007, por volta do mês de setembro, comecei minha caminhada na direção da mudança de hábito.
O momento mais difícil foi o primeiro passo. Reconhecer que o hábito do fumo dominava o meu processo decisório, privando meu direito de opinar e escolher. Decidi assumir o controle. Ainda não conhecia como os hábitos funcionavam, mas comecei o processo por meio da auto-observação.
Percebi que alguns estímulos específicos disparavam uma vontade incontrolável de fumar. Os principais momentos eram após as refeições, após tomar um cafezinho, durante o consumo de cerveja. Era uma tarefa muito dura romper esse ciclo.
Depois percebi que a quantidade de cigarros que eu conduzia comigo poderia interferir no meu comportamento. Lembro que quando tinha uma quantidade suficiente para um dia, ficava tranquilo. Quando a quantidade era insuficiente, ficava ansioso, impaciente, e pensava repetidamente em uma solução para comprar mais, o quanto antes.
Com o tempo percebi que não tinha efetivamente nenhum prazer em fumar. Apenas atendia a uma necessidade. Apenas alimentava um hábito destrutivo e o tornava mais forte. Apenas me tornava mais submisso a cada repetição.
Então, como em todo processo de coaching, defini os parâmetros da minha situação inicial, estabeleci a situação desejada e identifiquei qual era a mudança que eu precisava implementar.
Antes de explorar minha estratégia, vou apresentar a você algumas informações importantes, retiradas do livro “O poder do Hábito” de Charles Duhigg. O poder do hábito é uma obra espetacular, que explora, baseada em experimentos científicos, os processos de criação e interrupção de um hábito.
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO HÁBITO
O processo de formação do hábito acontece dentro dos nossos cérebros conforme um loop de três estágios. Primeiro há uma deixa, um estímulo que manda seu cérebro entrar em modo automático, e indica qual hábito ele deve usar. Depois há a rotina, que pode ser física, mental ou emocional. Finalmente, há uma recompensa, que ajuda seu cérebro a saber se vale a pena memorizar este loop específico para o futuro.
Ao longo do tempo, este loop — deixa, rotina, recompensa; deixa, rotina, recompensa — se torna cada vez mais automático. A deixa e a recompensa vão se entrelaçando até que surja um poderoso senso de antecipação e desejo.
A descoberta do loop do hábito é tão importante porque revela uma verdade básica: quando um hábito surge, o cérebro para de participar totalmente da tomada de decisões. Ele para de fazer tanto esforço, ou desvia o foco para outras tarefas. A não ser que você deliberadamente lute contra um hábito — que encontre novas rotinas —, o padrão irá se desenrolar automaticamente.
Sem os loops dos hábitos, nossos cérebros entrariam em pane, sobrecarregados com as minúcias da vida cotidiana. Ao mesmo tempo, no entanto, a dependência do cérebro de rotinas automáticas pode ser perigosa. Muitas vezes, os hábitos são tanto uma maldição quanto um benefício.
Você parou hoje de manhã para decidir se amarrava o sapato esquerdo ou o direito primeiro? Teve problemas para decidir se devia escovar os dentes antes ou depois de tomar banho? É claro que não. Essas decisões são habituais, não exigem esforço.
Os gânglios basais são as estruturas cerebrais responsáveis pelo acesso às rotinas dos hábitos. Desde que eles estejam intactos e as deixas (INPUTS) continuem constantes, os comportamentos acontecerão sem pensar.
COMO CRIAR NOVOS HÁBITOS
Os hábitos são poderosos, mas delicados. Podem surgir fora da nossa consciência ou ser arquitetados deliberadamente. Muitas vezes acontecem sem a nossa permissão, mas podem ser remodelados se manipularmos suas peças. Eles dão forma a nossa vida muito mais do que percebemos — são tão fortes, na verdade, que fazem com que nossos cérebros se apeguem a eles a despeito de todo o resto, inclusive o bom-senso.
A primeira e maior referência sobre a criação de hábitos viveu em 1900 e se chamava Claude C. Hopkins. Em seus esforços para transformar produtos em campeões de venda, aprendeu e desenvolveu a tecnologia da formação de hábitos, que futuramente foi aprimorada continuadamente, fundamentando as teorias do marketing.
Seu principal desafio foi produzir o projeto da “PEPSODENT”, um creme dental com preparação mentolada e espumante. Ele criou um anseio. E esse anseio, como se descobriu, é o que faz com que as deixas e recompensas funcionem. Esse anseio é o que alimenta o loop do hábito.
Antes da Pepsodent surgir, apenas 7% dos americanos tinham um tubo de pasta de dente no armarinho do banheiro. Uma década depois que a campanha publicitária de Hopkins foi veiculada nacionalmente, esse número aumentou para 65%.
O segredo, disse, era que ele “aprendera a psicologia humana certa”. Essa psicologia era fundamentada em duas regras básicas. Primeira: ache uma deixa simples e óbvia. Segunda: defina claramente as recompensas.
Como você forma um novo hábito quando não há pista para deflagrar o uso, e quando os consumidores que mais precisam não apreciam a recompensa?
Nos anos 1980, Wolfram Schultz, um professor de neurociência da Universidade de Cambridge, fez parte de um grupo de cientistas que estudou os cérebros de macacos conforme aprendiam a realizar certas tarefas, tais como puxar alavancas ou abrir trancas.
Ele explicou por que algumas deixas e recompensas têm mais poder que as outras, e traçou um mapa científico que explica por que a Pepsodent foi um sucesso, como alguns praticantes de dietas e exercícios conseguem mudar seus hábitos tão depressa e por que recompensas diferentes afetam o cérebro de maneiras diferentes.
Schultz descobriu, durante a evolução de sua pesquisa com os macacos, que à medida que os hábitos ficam mais arraigados, o cérebro antecipa a recompensa, criando uma expectativa diretamente a partir do estímulo (INPUT).
É assim que novos hábitos são criados: juntando uma deixa, uma rotina e uma recompensa, e então cultivando um anseio que movimente o loop. Pense no exemplo do cigarro. Quando um fumante vê uma deixa — digamos, um maço de Marlboro —, seu cérebro começa a esperar uma dose de nicotina.
A simples visão de um cigarro é suficiente para que o cérebro anseie por uma dose de nicotina. Se essa dose não chega, o anseio cresce até que o fumante, sem pensar, estenda a mão e pegue o cigarro.
Fonte: O Poder do Hábito – Charles Duhigg
Ao estudar os cérebros dos alcoólatras, dois cientistas da Universidade de Michigan afirmaram que hábitos especialmente fortes geram reações que suplantam a capacidade de controle “o desejo evolui para um anseio obsessivo”, “mesmo diante de fortes desincentivos, incluindo perda de reputação, emprego, lar e família”.
A boa notícia é que há mecanismos que podem nos ajudar a ignorar as tentações. Mas para superar o hábito, precisamos reconhecer qual anseio está acionando o comportamento. Esse tema será explorado em um futuro post. Por enquanto, desejo que você reflita sobre o conteúdo desse post. Faça uma autoavaliação e identifique em sua rotina quais são os “hábitos” que limitam seu crescimento ou desempenho e quais são os “hábitos destrutivos” que você precisa superar.
A vida é muito curta para deixarmos as coisas se resolverem por si. É preciso atingir o seu máximo potencial, depois expandir o seu potencial e seguir nesse ciclo, comemorando cada vitória.
Conte comigo em sua caminhada.
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